Panis et Nonsenses... !!!

Divagações, momentos, memórias, delongueadas, poulaineadas, patetices, cinismo, teses de sentido e validade duvidosos, jedaizices, incoerências ambíguas e sem lógica, e supercalifragilistiexpiralidosações em geral! Ou seja, eu... eu acho!!! Constante inconstância exclamativo-interrogativa... acho que isso diz muito e pouco, dependendo da ótica

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Não creio que esse perfil mereça algum esforço de boa descrição... Não que este daqui mereça, mas: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=995235312369024623

Thursday, December 21, 2006

A missa, a tipografia, filme da Disney e os mini-atores-pobrema!

Há dois posts atrás, rememorava episódios interessantes da infância e deixei um fato no ar.

Não propostitalmente, mas eu realmente havia esquecido e, quando já havia redigido o outro, o filho da mãe me volta! Bom, ao menos, após todos esse meses, ele não me escapou mais. Não é um fato concreto, mas uma situação que até hoje me intriga.
Há pouco tempo estudei um pouco de tipografia, mas não me lembro do nome técnico da coisa, então descrevo: sabe quando a primeira letra do primeiro parágrafo de um texto fica em caixa extra-alta, de modo que seu tamanho grande, em relação ao texto padrão, não escoa para cima, mas sim invade as linhas de baixo, de modo que essas se alinham baseadas em seu corpo, como se a letra fosse o início de todas as linhas, não só da primeira? Bom, devem ter tido uma noção, senão caçem no Google qualquer imagem de página de Bíblia em edição secular...
Então, nos folhetos de missa usualmente encontrados nas Igrejas daqui, o "Oremos" era (aliás, é!) grafado desse modo, o O grandão e o resto do lado. O pequeno eu ia à missa e me intrigava com aquilo. Sabe como é cabeça de criança nesse tipo de lugar, ainda mais eu, que sempre tive problemas de concentração (o que também me afetou no colegial, quando estudava química... OK, gracinha dispensável, scuzi!)...
Acredita que, lendo isso, me vinha à mente "o Remos"?!!!! Não, não eram remos de barco, era aquele velho senhor negro, empregado de uma fazenda no sul dos EUA, que contava para o pequeno Johnny as histórias do Irmão Coelho (na verdade, reciclagem do Coelho Oswaldo, primeiro personagem do Walt Disney!) e do Irmão Raposo! O filme é "A Canção do Sul", produzido pela Disney em 1946. Sim, o Tio Remus (que não era 'tio' p**** nenhuma, naquela sociedade 'sul-norteamericana' suja inconformada no pós-escravismo, mercenários desumanos... mas a Disney faz ficar bonitinho!)!!!
Para quem não se lembra muito bem, passava sempre na Sessão da Tarde! Eu lembro que até gravei uma vez (coisa que quase nunca fazia), mas não tenho mais... Tinha uma musica adorável: "Zip-a-díi-duh dá, Zip-a-di hey... Mr. Blue Bird is on my shoulder...wonderful feeling, feeling this way... dumdumdum pumpumpumpum", uma delícia! Devo ter alguma coisa com músicas de pássaros, sempre tem mais de uma entre as minhas favoritas: tem os pássaros azuis de "Over the rainbow", "Blackbird" dos Beatles... ahahaha, e "Voa Condor", do Oswaldo Montenegro, o Menestrel de Brasília, como dizia o Thales (Selton Mello, claro!) de "Os Aspones"!!!

http://www.imdb.com/title/tt0038969/

Pena, o garoto cresceu e se tornou um ex-ator-mirim-viciado. Talvez um dos primeiros, o avô de MacCaulay 'Kevin McCallister' Culkin ou do garotinho de "O Sexto Sentido" (Haley Joel Osment, né? Bom, mas no caso dele, a culpa deve ser do "A.I."... bleeeargh!)!!
Ahhhh, acabo de achar isso!!!!!!!!
http://www.youtube.com/watch?v=HvPcO7-FzW0&NR

http://www.youtube.com/watch?v=h0ogVlL9SXg

(O texto acima me mostra que eu gasto muito espaço para dizer pouco... não sei se é um grande problema, mas é um fato.)

* * *
Bom, pessoas, sem grandes cerimônias (não é o usual...), Feliz Natal e um 2007 fabuloso para você e para os seus (adoro essa última expressão, hehehe!)!
Sendo democrático, ficam duas visões do Natal, para ter opção de escolha!
Admiro profundamente o autor da segunda, mas a primeira bate mais com a minha! Calil tem razão, Vinícius era um deprimido... bom, por mim, tudo bem! ;)
Para essa, acompanhem a letra!!!
A segunda:
Obrigado!!!
P.S.: Uma das surpresas do ano foi o YouTube!!! Estranho, não?

Saturday, December 09, 2006

Ensaio ("... sobre a..." ops, hoje não!) da retomada!

Saudações! Sim, sim, vai-se um intenso semestre acadêmico, infelizmente não tão intenso literariamente, e volta o "Panis et Nonsenses!". Peço desculpas aos fiéis e caros amigos visitantes, mas não teve jeito mesmo! E isso me fez falta, e como!

Serei breve hoje, ao menos no texto "original"! ;)

Bom, férias quase chegando, e resolvi me dar ao luxo de publicar uma prévia de minha retomada!
Trata-se de uma crônica baseada no assunto brevemente abordado (e com promessa de desenvolvimento, agora cumprida, e comprida!) no penúltimo e caótico post, a beleza e a alegria trazida por certos tipos de melancolia!
Essa crônica já tem vários meses, já ganhou versão cortada graças a certos concursos literários que misereiam espaço, e agora segue aqui a integral! Espero que gostem!
Vem bem à calhar nesses tempos de chuva, gripes, capuccinos, retomada de discos enconstados e refelxões...
Ah, claro: não posso negar, é auto-biográfica, sim sim!!!
Ciao!

P.S.: Ao lado, algo que René Magritte fez, prevendo, com décadas de antecedência, a minha irremovível foto de orkut... hehehe!
* * *

A melancolia, e o alegre ridículo
Por Gustavo Fattori

Preferira ficar em casa naquela úmida noite de domingo, sozinho. Acompanhado apenas pela garoa fina, ficou alguns minutos em frente à estante rechonchuda, caminhando com calma com os dedos pelas lombadas plásticas até topar com a fina caixinha desejada, parecida com tantas outras dali. Atravessou a grande sala com as meias flutuando dentro das sandálias de tiras, abriu o aparelho e colocou o CD, batendo com muito estilo no botão de execução com o cotovelo. Formando uma viva exclamção com os olhos, pegou a caneca de porcelana e, assim que o chá de hortelã bem quente tocou sua garganta, as primeiras notas saíram das caixas acústicas.
Era o Quinteto de Ástor Piazzolla, naturalmente incluído o próprio, e a primeira faixa, “Adiós Nonino”. E, junto, a garoa ganhava energia e a água batia nos vidros com força crescente, formava sons que, se não eram exatamente no compasso sugerido pelo disco, serviam como um complemento interessante.
Essa composição sempre lhe resgatava uma das mais complexas sensações humanas que já sentira: a da ‘melancolia feliz’!
A tristeza dispersa no ar pelo pequeno fole e pelas cordas do violino era totalmente compreensível e sentida, havia muita dor e saudosismo naqueles acordes pontuados com tanto sentimento.
Mas, de modo curioso, brotava no ouvinte um sorriso suave. Não só pelo prazer musical das belas composição e execução, mas também porque aquela melancolia, que se mostrava tão autêntica e profunda, gerava e pareava com uma beleza de igual tamanho. As memórias ali representadas com tanta calidez e intensidade, a dor confidenciada, que não se sabe se era recente ou de recordações, são emoções que, em tal formato, não podem gerar compaixão... Elas trazem a felicidade de um verdadeiro momento apoteótico da condição humana, o notar do poder de tal condição gerar algo tão avassalador como tal sentimento. Ou, mesmo que a canção desperte dores pessoais do ouvinte e puxe lembranças com a evocação da brilhante melodia, ao ouvir tal representação anacronicamente tão corpulenta e delicada, esse não se sentirá profundamente abalado como em ocasiões passadas, mas talvez amparado pela representação. Que é também uma forma de associação na memória pessoal.
Enquanto pensava nisso, e após apoiar novamente a caneca, começara a dançar ralentando, ainda com o sorriso na face e o olhar perdido no chão. O roupão acinzentado sobre o pijama invernal fazia desenhos repuxantes com seus vincos conforme os movimentos do corpo, arrastando o cordão da cintura pelo tapete felpudo. Os pés desajeitados se alternavam, os braços ondulantes regiam em harmonia.
Num giro, pousou o olhar nas prateleiras ao lado do aparelho de som e diminuiu seu ritmo. Lá estavam, aleatoriamente dispostos em quantidade, os porta-retratos da família. Antepassados nunca conhecidos, de diversos sobrenomes e gerações, alguns de outro continente e idioma, que encaravam a câmera com desconfiança. Outros eram mais próximos, porém também já falecidos, em suas poses sépia, contrastando com as pequenas molduras contendo a atual formação familiar. Eram ocasiões de reunião, matrimônios, natais, os rostos sempre próximos e com expressão divertida. Uns causando estranheza por usar roupas e penteados curiosos, ou pelo simples fato de possuir cabelo. Uma pequena galeria temporal.
Parou de dançar e, recorrendo a um gole da caneca ainda fumegante, notou o contraste e relações entre seu pensamento, a música e aquela saudosa coleção de imagens aprisionadas em compactas armações de madeira. Dezenas de olhos por detrás dos pequenos retângulos de vidro o encaravam intensamente; teve a certeza de que todos pensavam e sentiam exatamente o mesmo. A chuva continuava, seu cheiro fresco invadindo a casa.
Mas o sorriso sincero de uma fotografia do canto da prateleira, um retrato de si mesmo, mudou a situação... Ao fixá-la, após um segundo de dúvida, deu um outro grande sorriso que fazia da fotografia um pequeno espelho: todos aqueles olhos acompanhavam a sua dança!
Esqueceu toda a metafísica da melancolia e da felicidade e encarou a todos de outro modo. Aqueles olhares alegres, intrigados, as bocas abertas e as mãos gesticulando... eram todas reações à ridícula cena de seu roupão e pijamas rodopiando pela sala! Viu, satisfeito, seu rosto irônico num reflexo do escuro vidro gotejado. Ergueu o volume, cortejou as prateleiras com respeito sarcástico e continuou seus graciosos passos desajeitados, num espasmo de gargalhada.