Mudanças (não as da Graneiro)
Um certo tipo de elemento tem me feito ficar bem feliz comigo mesmo: tenho me sentido mais flexível pra vida. Em surtos momentâneos, tenho cogitado e pensado em novos rumos, comendo coisas diferentes (os próximos sabem que mantenho algumas restrições alimentares relativamente imbecis), arriscando mais, me permitindo, pensado mais livremente... Não acho que mudei, nem fiquei menos confiante ou apegado ao que sou (que, pateta, um tanto travado e nem sempre razoável, sempre gostei de mim mesmo), mas as minhas liberdades de ir além da auto-contestação e colocar pontos em prova parecem melhores. A maior parte das coisas nunca vai mudar, não tenho dúvida, e nem tenho a mínima gota de vontade de que mudem - não tenho a mínima pretensão de comer feijões, de deixar de ser heterossexual, de me tornar ateu (apesar das crises de fé, normais, dado que é uma fé) -, mas temos que evoluir em alguns pontos, fico feliz me vendo em evolução (quase um Pokémon...).
A criança que não tinha a mínima vontade de ir ao Hopi Hari, hoje adora avião, prédios altos, desafios físicos e tá doente para pular de paraquedas e asa delta. O que fazia piada com a falta de dedo e formação do Lula continua contestando a droga da política (mal necessário) caótica, mas reconhece que distribuir dinheiro para quem notoriamente precisa bastante é um caminho de socialização factível, algo além de assistencialismo populista a la coroné, e até se comove com isso.
Acho que tudo isso pode ter a ver com o fato de que os rumos e planos que faço para minha vida em um futuro breve, com esse novo ritual de passagem do final da faculdade (já dissolvido como os outros pelos quais passei, pero ainda necessário e importante para esse pobre ser amigo dos simbolismos e marcos), do estágio, e do comodismo gigantesco dos rumos e tarefas pré-indicados e direcionados... Mais precisamente, de que esses planos, ou não-planos, ou planos incertos que me amedrontam e não sei até que ponto posso contar, podem não dar certo e posso cair no vazio.
Se a falta de chão é tudo que me assombra, devo reconhecer que a possibilidade dessa lástima pode ter a ver com meus avanços. Embora em parte do tempo eu continue perdido, ou cada vez mais perdido, amedrontado como um garoto de cabelo-tigela em seu Velotrol no quintal da vó (preciso parar de repassar na cabeça os álbuns de família!), os momentos de esperança iluminados por refletores inesperados e com brilhos e filtros novos (essa de estudar fotografia, que me faz...) devem ter a ver com isso. E devo ser grato e vibrante por isso, afinal.
Se a falta de chão é tudo que me assombra, devo reconhecer que a possibilidade dessa lástima pode ter a ver com meus avanços. Embora em parte do tempo eu continue perdido, ou cada vez mais perdido, amedrontado como um garoto de cabelo-tigela em seu Velotrol no quintal da vó (preciso parar de repassar na cabeça os álbuns de família!), os momentos de esperança iluminados por refletores inesperados e com brilhos e filtros novos (essa de estudar fotografia, que me faz...) devem ter a ver com isso. E devo ser grato e vibrante por isso, afinal.
Há semanas, me deu o surto de que, vai que acontece, pode ser legal sumir pra longe e me desligar por um tempo de tudo. Fazer algum trabalho legal com alguém e por alguém, descobrir se boa vontade e alguma (não) habilidade minha pode ser mais útil do que tem sido. Sabe, eu admiro do fundo da alma aquela gente que larga tudo e se enfia em algum país africano pouco citado pra pesar criança e distribuir remédios e orientações. Eu não sei se eu tenho estrutura, de personalidade, física, e emocional, para ser um desses, mas tem me dado uma coceira interior de que ia ser o tipo de mudança que faz uma vida valer a pena. Radical a ponto de, provavelmente, pedir arrego ou dar um tiro na cabeça em pouquíssimo tempo, mas ainda assim válida em algo.
Não é apenas ajudar os outros, apesar disso ser maravilhoso, e notável que é o que mais falta na nossa maldita raça (junto à disposição para entender e compartilhar).
Como toda ação humana, egoísta ou agapicamente (um jeito bonito de ver o sistema todo, gosto dele, consolador), de certo modo os maiores beneficiados somos sempre nós mesmos... Bene, vamos pensar que é pela humanidade então, a vergonha alheia de nós mesmos fica um pouco menor. Agapicamente, vamos nos orgulhar então.
Obs.: Continuo me dando ao luxo injusto de postar sem revisar, preguiça boba. Muitos erros? Desculpe, lamento. Só um pouco, mas lamento.
1 Comments:
A verdadeira revolução é comer tomates.
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