Panis et Nonsenses... !!!

Divagações, momentos, memórias, delongueadas, poulaineadas, patetices, cinismo, teses de sentido e validade duvidosos, jedaizices, incoerências ambíguas e sem lógica, e supercalifragilistiexpiralidosações em geral! Ou seja, eu... eu acho!!! Constante inconstância exclamativo-interrogativa... acho que isso diz muito e pouco, dependendo da ótica

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Não creio que esse perfil mereça algum esforço de boa descrição... Não que este daqui mereça, mas: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=995235312369024623

Thursday, July 30, 2009

Ônibus na terça, pouco antes das 18h30. Menos lotado do que a companhia que queima diesel desejaria, pouco mais lotado do que considero suficientemente confortável. Um dedo cansado, mas feliz por ir ao teatro após muito tempo; mal sabia que os ingressos estavam esgotados desde o dia anterior, com uma lista de espera frente e verso. Paciência, deixa pra outra, mas fico surpreso.
Enquanto boiava e me debatia incessante nas minhas trivialidades de sempre, quieto no meu banco, começo a reparar na conversa da moça no banco de trás. Ao que parece, usava um certo sistema no escritório, e trocaram-no contra seu gosto; agora, desejavam dela funções que, já havia avisado, não poderia cumprir no novo sistema, e nesse samba da incompreensão ameaçaram a coitada até com demissão. Bem, isso não tem a mínima importância para esse post: me importa a voz dela!
Não havia visto seu rosto, não fazia idéia de quem estava logo atrás de mim, tão inconformada e instável. A voz me lembrava alguém, pero quemquemquem... quem? Depois de alguns metros de Avenida Rebouças, cinquina e bingo, a tia Cleide! A Cleide me deu aula no pré-primário lá no começo dos anos 90, fechou a minha alfabetização, e me acompanhou no palco quando eu fui o pequeno orador da turma na formatura, lendo aos trancos o discurso escrito em uma sulfite séria para a platéia distraida.
Foi gostosa a lembrança, um saborzinho saudoso gostoso de receber no fim de uma tarde escura de vento. Continuei ouvindo um pouco da desgraça profissional da mulher, achando que aquela voz não era a de quem se exalta frequentemente como ali, vendo a Cleide mais jovem ali pertinho.
Chega minha parada, Paulista, e ao me virar vejo uma mulher com um rosto que deve se parecer muito com o que foi a Cleide jovem!!!

Há tipos físicos bem próprios que vemos perdidos pelo mundo, em lugares e condições bem distintos, que juraríamos ser irmãos ou primos. Pacotes de cabelo, formato de nariz, bochechas, olhar, curva do pescoço, tipo de pele, grossura da boca... como se fossem "raças" de homens, como nos cães. Formas próprias, famílias de seres destacados de um núcleo filiadas à mesma escola de design ou studio, padrões que a ciência ainda não agrupou. Sei de especialistasque podem dizer, por exemplo, de que região da Itália é a família do neto de imigrante, só pelas indicações da face, muito intrigante.
Essa menina tinha o mesmo nariz de tendência equina (que elas nunca me leiam!), as bochechas ósseas delgadas na vertical, o cabelo escorrido cor de noz, os olhos pouco abertos em formato de amêndoa levemente inclinados para os lados, a pele de tendência inconstante nas maçãs de rosto, os dedos longos. Notei tudo isso no flash em que pude olhar para ela, ou vi algum ponto mais destacado e construo o resto em minha cabeça, difícil discernir. Provável que, dada a vontade de rever a Cleide, ou sendo mais honesto, a vontade de ter 6 anos e passar a tarde com a mão no guache com um chapéu na cabeça, eu tenha construído quase tudo através da voz.
O desejo foi de que a Cleide envelhecesse um pouco, descesse na Paulista e fosse na Livraria Cultura, terminar de me ensinar a ler enquanto eu acabava "A árvore dos desejos", do Faulkner, sentado nos puffs sob o dragão de madeira do teto.

Tuesday, July 21, 2009

Mudanças (não as da Graneiro)

Um certo tipo de elemento tem me feito ficar bem feliz comigo mesmo: tenho me sentido mais flexível pra vida. Em surtos momentâneos, tenho cogitado e pensado em novos rumos, comendo coisas diferentes (os próximos sabem que mantenho algumas restrições alimentares relativamente imbecis), arriscando mais, me permitindo, pensado mais livremente... Não acho que mudei, nem fiquei menos confiante ou apegado ao que sou (que, pateta, um tanto travado e nem sempre razoável, sempre gostei de mim mesmo), mas as minhas liberdades de ir além da auto-contestação e colocar pontos em prova parecem melhores. A maior parte das coisas nunca vai mudar, não tenho dúvida, e nem tenho a mínima gota de vontade de que mudem - não tenho a mínima pretensão de comer feijões, de deixar de ser heterossexual, de me tornar ateu (apesar das crises de fé, normais, dado que é uma fé) -, mas temos que evoluir em alguns pontos, fico feliz me vendo em evolução (quase um Pokémon...).

A criança que não tinha a mínima vontade de ir ao Hopi Hari, hoje adora avião, prédios altos, desafios físicos e tá doente para pular de paraquedas e asa delta. O que fazia piada com a falta de dedo e formação do Lula continua contestando a droga da política (mal necessário) caótica, mas reconhece que distribuir dinheiro para quem notoriamente precisa bastante é um caminho de socialização factível, algo além de assistencialismo populista a la coroné, e até se comove com isso.

Acho que tudo isso pode ter a ver com o fato de que os rumos e planos que faço para minha vida em um futuro breve, com esse novo ritual de passagem do final da faculdade (já dissolvido como os outros pelos quais passei, pero ainda necessário e importante para esse pobre ser amigo dos simbolismos e marcos), do estágio, e do comodismo gigantesco dos rumos e tarefas pré-indicados e direcionados... Mais precisamente, de que esses planos, ou não-planos, ou planos incertos que me amedrontam e não sei até que ponto posso contar, podem não dar certo e posso cair no vazio.
Se a falta de chão é tudo que me assombra, devo reconhecer que a possibilidade dessa lástima pode ter a ver com meus avanços. Embora em parte do tempo eu continue perdido, ou cada vez mais perdido, amedrontado como um garoto de cabelo-tigela em seu Velotrol no quintal da vó (preciso parar de repassar na cabeça os álbuns de família!), os momentos de esperança iluminados por refletores inesperados e com brilhos e filtros novos (essa de estudar fotografia, que me faz...) devem ter a ver com isso. E devo ser grato e vibrante por isso, afinal.
Há semanas, me deu o surto de que, vai que acontece, pode ser legal sumir pra longe e me desligar por um tempo de tudo. Fazer algum trabalho legal com alguém e por alguém, descobrir se boa vontade e alguma (não) habilidade minha pode ser mais útil do que tem sido. Sabe, eu admiro do fundo da alma aquela gente que larga tudo e se enfia em algum país africano pouco citado pra pesar criança e distribuir remédios e orientações. Eu não sei se eu tenho estrutura, de personalidade, física, e emocional, para ser um desses, mas tem me dado uma coceira interior de que ia ser o tipo de mudança que faz uma vida valer a pena. Radical a ponto de, provavelmente, pedir arrego ou dar um tiro na cabeça em pouquíssimo tempo, mas ainda assim válida em algo.
Não é apenas ajudar os outros, apesar disso ser maravilhoso, e notável que é o que mais falta na nossa maldita raça (junto à disposição para entender e compartilhar).
Como toda ação humana, egoísta ou agapicamente (um jeito bonito de ver o sistema todo, gosto dele, consolador), de certo modo os maiores beneficiados somos sempre nós mesmos... Bene, vamos pensar que é pela humanidade então, a vergonha alheia de nós mesmos fica um pouco menor. Agapicamente, vamos nos orgulhar então.

Obs.: Continuo me dando ao luxo injusto de postar sem revisar, preguiça boba. Muitos erros? Desculpe, lamento. Só um pouco, mas lamento.

Sunday, July 19, 2009

Guinness (não a cerveja...)
A banca de promoções, pilhas mal ajambradas de edições pequenas e cheias de orelhas. Dá pena a falta de cuidado da livraria com esses livros "menos significantes", que já podem sair por trocados, não interessam mais...
Guias de viagem para países como Mali e Ilhas Fiji, manuais de programação em linguagens inacessíveis e tediosas, auto-ajuda baratos (semi pleonasmo aqui) de desconhecidos, e alguns livros infantis mal impressos e de índole didática duvidosa.
Ainda assim, como amigo dos livros e sovina muito atraído por promoções, tenho que parar e checar. Me atrai uma versão pocket, em papel jornal (Mad Magazine), do World Guinness Book of Records 2008, por míseros R$5,90.
O Guiness Book, versão grande, de 1995, é um dos livros que mais me divertiram na infância. Tinha idéias grandiosas, inemagináveis, debilmente divertidas e improváveis, que me traziam aquele gosto de mundo grande, infinito, com tanta gente diversa e bizarra a se topar, com gosto de aventura e de exoticidade.
Revisitar algo do tipo, além do prazer per se do livro, me carrega de volta essa xeretice de criança que persiste, que nasceu com O Guia dos Curiosos, acredito. É um gosto bom, me apetece degustar com calma...
Vou à fila do caixa, que nunca é muito grande na Fnac D.Pedro, e a moça do caixa me chama. Simpática, passa o livro no "bip" e abre a boca.
- Ah, eu quero um, que barato, olha isso!
- Tem mais uns dois, lá, corre e pega que vale a pena! Se for ruim, o prejuízo é pouco, né?!
- Mas eu não posso sair daqui!
- Tem alguém da loja que pode ir lá e te reservar?
- Não...
- Eu vou lá e pego pra você então. Você quer?
Ela fez uma expressão bastante surpresa.
- Eu seguro o seu aqui então...
Rapidinho, me enfio na loja e volto com o outro, com um pouco mais de orelhas e marcas que o meu. A gente pode se dar ao luxo de escolher, nessas bancas, as vezes!
Ela espichou a cabeça sobre o balcão e me acenou para passar na frente do outro cara na fila.
- Ah, obrigada, obrigada!
- Magina!
- Você lê em inglês, é?
- Tô meio destreinado esses tempos, mas entendo sim. E você?
- Ah, leio sim.
Ela tinha óculos de acrilico arestados, de universitária de humanas, claro que ela lia em inglês. Não me contive, o que me surpreendeu, e tive que jogar a próxima.
- É que agora eu tô estudando francês.
- É?! Eu também! É bonito, né?
- Nossa, muito. Meio difícil, mas com calma...
- Ah, é, a gente vai lendo...
O cara na fila já esperava havia um tempo, notei nesse momento. Ela olhou de baixo, como quem agradece aquela conversinha breve pra variar, em meio a clientes mudos que sacam com destreza o Visa.
Olhei pra ela, um olhar seria-divetido-conversar-mais-depois-quehorasvocêlargaaquiparatomarumcapuccino(porque eu não sou muito de café puro, entende?)- -,- - ,masmeuspais-estãonalojaaolado-tenhoquevoltarpraminhacidade.
Peguei minha sacola e o recibo fiscal. Ponto.
O pocket é menos interessante que o colorido grandão da minha infância, naturalmente. Mas tem suas bizarrices divertidas, que me entretem do mesmo modo, em folheadas rasas.
Espero muito que ela esteja se divertindo também...
P.S.: o maldito blogger não está pulando as linhas, meu texto fica tudo grudado; isso estraga a leitura, isso me irrita!

Sunday, July 12, 2009

As Novas Eras - Bertolt Brecht

As novas eras não começam de uma vez
Meu avô já vivia no novo tempo
Meu neto viverá talvez ainda no velho,

A nova carne é comida com os velhos garfos.

Os carros automotores não havia
Nem os tanques
Os aeroplanos sobre nossos tetos não havia
Nem os bombardeiros.

Das novas antenas vêm as velhas tolices.
A sabedoria é transmitida de boca em boca.


Desde o começo do ano, comecei a me obrigar a ler os e-books que fui, e que vou, baixando por aí. Não sentar e ler de cabo a rabo, minhas chatices estão mais suaves mas ainda tenho algum problema em ler em telas. Papel, papel... tão confortável, tão sensível, tão... ok, mais caro, e menos arriscável, libertação libertação.


Pois bem, por serem passadas breves, como os folheares e refolheares em livros pouco tocados, da minha estante e das dos outros, procurei me ater mais aos de poemas. Sonetos do Neruda, versos do Benedetti, do Quintana, do Yeats, do Bukowski, mesmo voltas ao Whitman e a santo J.L.Borges. Aquelas passadas breves, despretensiosas, aleatórias, que já deram tantas iluminadas cruciais na hora certa; leia como providência literário-divina se desejar.


Dentre os do acervo, o nhô Brecht. Por mais que, por vezes, seja duro, radical, extremo, concordando ou não com as idelogias e métodos de luta defendidos, não sei... eu acho tão bonito, tão sensata a paixão com que ele defende a causa. Porque, por baixo desse discurso, que hoje parece passado e datado, de revolução proletária e armas aos ombros, tem um humanismo tão grande, uma crença forte na coragem e na mudança. Esse que coloco aqui, em particular, não tem esse caráter próprio, é desconfiado, paulatino, mas ainda assim.
Ando precisando de coisas que empurrem pra frente, que ajudem na mudança, porém com algo de ancestral, algum enraizamento pra que não se caia de boca no desconhecido, no incerto. Porque, de outro modo, acho que não seria eu... Foi bom ler isso, foi bem bom!
Vou continuar comprando (ou baixando, né) sempre a antena nova, mas só se elas ainda sintonizarem canais velhos.

* * *
Falando em papeis, não os de teatro: hoje, no banho, tive uma idéia para poema, e estava me agradando, fiquei feliz com ela! Já vinham versos, relações, uma sujeirinha que podia já indicar forma... Não é novidade, idéias grandes vem de banhos. Beethoven mesmo, tio Ludwig, jogava água gelada na cabeça pra compor. Masss, ao me secar, divaguei com a minha cabeça fraca e de memória Ram restrita, e perdi tudo!!!

Grrrrr, que ódio imenso, pqpcazzo: é urgente, que se invete o papel à prova d'água! Porque pra sair do banho e anotar, além de tirar o prazer de se lavar naquele fluxo, é impossível nesse frio...

Ou então vou aderir aos trabalhosos banhos de banheira, mais maleáveis.

Friday, July 10, 2009

Diversidade, e mais soltinha
(parece slogan-propaganda de alguma balada pansexual, haha..)

Voltei mal, bem mal, claramente no outro post eu estava travado com a maldita dor da viagem... esse blog já foi mais soltinho, igual arroz de mãe! Isso não está certo, tsc tsc, vamos tentar voltar à liberdade antiga.

Já que o troço que me motivou a voltar pra cá foi o Twitter... ou melhor, o confinamento daqueles poucos caracteres, me fazendo notar que eu gosto de espaço, que espaço restrito só é adequado e com folga em cueca de japonês... vou tentar um post "twístico"! Sem divagações enormes e paragrafais, só coisas curtas! Sim sim, é um paradoxo voltar pra cá e me manter preso a algo que, justamente, motivou a mudança... contradições divertem!
Vamos ver o que sai!

* * *
Gripe e barba não combinem. Assoar com vontade o nariz extremamente gripado, com um bigode logo abaixo dele, não é algo trivial.

* * *
Hoje resolvi tosar o cabelo e, como sempre, botando "saudosismo não vivido" (vide posts velhos) nisso... O barbeiro tem uns 75 anos, conta um monte de histórias, está no mesmo ponto desde 1952! Ele cortou o cabelo do meu bisavô, e diz que colocava uma tábua entre os braços da cadeira para que meu pai, pequenininho, pudesse alcançar o apoio de cabeça. É uma daquelas cadeiras fantásticas, de ferro fundido bem pesado, giratórias, com detalhes floreados algo art nouveau contido. O móvel com gavetinhas de puxador e espelho, os pôsters do Palmeiras e do Papa (sim, paredes bem diversas) na parede, os óculos aro de tartaruga e o jaleco azul.

Deleuze deveria conhecer o lugar, o tempo é distendido e quase paralizado. Em um canto, há um exemplar intacto de um jornal local que deixou de ser feito faz uns 5 anos. Parece que ele sempre esteve ali.

Não me importo das histórias serem repetidas e dele se esquecer de muitos dados, ou se referir a tios-avôs falecidos há 25 anos como se fossem contemporâneos meus. Até gosto. E é um barato quando ele acha me chama pelo sobrenome da minha avó, e muito momentaneamente acha que eu sou é filho dela!!!
Ah, e como não poderia deixar de ser, o barbeiro não usa barba, e é careca. Que sacanagem, um dia inteiro com cabeleiras volumosas para invejar...

(Algo me diz que isso já rendeu um post lá atrás, ou uma crônica, ou sei lá... merda de memória, vou comer algo com Ômega 3, hehe!)

* * *
Fracassei, o ponto acima tá bem além do que uma twittada aceita. Merda.

* * *
Relendo e desconstruindo Dostoiévski, o Noites Brancas... puxa, continuo me identificando muito com a situação do pobre diabo do protgonista! E isso é péssimo, afinal, é uma situação de merda! Tsc tsc...

* * *
TEORÍA DE CONJUNTOS - Mario Benedetti

Cada cuerpo tiene
su armonía y
su desarmonía.
En algunos casos
la suma de armonías
puede ser casi
empalagosa
En otros
el conjunto
de desarmonías
produce algo mejor
que la belleza.

* * *
Mais show do Little Joy, em agosto... será que eu vou de novo? É tão... como dizer, é um dos poucos CDs lançados há pouco tempo que eu consigo ouvir inteiro, e gostar, e ouvir de novo muitas vezes.

* * *
Dica pra gripe, by a mamma desse caipira: xarope caseiro de casca de romã! Dois copos de água, um de açúcar (oui, docedocedoce) e cascas de romã. Freve tudo e vai tomando de colherada!!! Vamos ver o que faz comigo...

Thursday, July 09, 2009

Volta (terapêutica?)


Um mês, quase, de ensaio, para reviver esse negócio, uma vontade coçando nas goelas... agora foi, nada como um feriado (com trabalho a fazer, mas enfim, um feriado)! Allez-y!

À velha moda, em uma tacada só e sem revisões... acho que é um jeito de relaxar e me deixar fazer cagadas, ocasionalmente fazendo amigos perder tempo com algo que em juízo perfeito morreria na revisão.


Acho que a data é até propícia, sabe... faz um ano que eu viajei, faz um ano que aconteceu a grande viagem, uma das melhores experiências pela qual passei até hoje. E, estranhamente, tentei me esquivar dessa lembrança durante todo o dia. Quando estive junto a alguém, direcionei a conversa a assuntos opostos, e quando não, estive absolutamente introspectivo. Mastiguei partes da piauí desse mês, saborosa e me surpreendendo como sempre ("just in time, i've found me just in time, before you..."), e terminei em um sofá muito confortável o livrinho de uma entrevista do maestro Fellini, iluminador. Não sabia que ele gostava tanto do Jung, por mais que sua obra tenha tanto a render em leituras junguianas... cresceu minha vontade de rever E la nave va, meu primeiro.

Evitei, por todo o dia, sequer tocar em alguma foto ou objeto da viagem. Não foi consciente, me acharia por demais infantil se o fizesse, por mais que não faça sentido eu me convencer que é menos tolo o fato de agir assim sem me dar conta. Agora há pouco acabei um filme, o "Jogo de Cena" do Coutinho, que me deixou - apenas ligeiramente - emocionado e pouco armado para lidar com isso, e resolvi voltar para cá e botar isso na ativa (oh, merda, lá vem um meta-post!), ainda sem saber sobre qual dos recentes acontecimentos falaria. No caminho para o computador, passei pela parede das fotos familiares e, como sempre, dou uma olhadinha rápida na parentaiada... e, cacete, não é que tinha uma foto da viagem ali no cantinho! Cazzo! Sim, é hora de encarar.

Esse post me mostou como pode ser surpreendente e inesperada a tomada de consciência de um fato sobre si mesmo. De certo modo, me sabotei o dia todo, para evitar pensar em algo complicado e que temo (o voltar, a possibilidade de replay de algo tão sensacional, considerado em um momento de tanto medo em relação aos rumos da minha vida, de mudanças e ações iminentes... upf, enfim um resumo, e sempre em um parêntese ligeiro, Gustavo)! E isso, de todo modo, voltou. E também fica o fato de que esse meu processo continua, afinal, escrevi sobre tudo isso evitando falar um só detalhe de toda a viagem até aqui!


Há um ano, uma senhorinha me oferecia balas orientais de leite a la Bairro da Liberdade, após a refeição de bordo. Era professora paulistana, japa, e se chamava Ernestina. Por mais que eu viva e ande e ouça, nunca mais vou achar outra japonesa com um nome desses, misericórdia!

Pronto, um fato, foi! Vamos lidar com isso. Amanhã eu vejo fotos, ponto.

* * *

"Vida é uma combinação de alegria e spaghetti" - Federico Fellini

Lembrei dessa ao folhear o livro. Nunca confirmei essa em fonte segura, se era dele mesmo, li certa vez não sei onde... acho que não importa mais, fica sendo! Não sei se parece pouco, mas gosto tanto dela!

E, droga, isso também lembra a viagem...

* * *

Vi que vai passar "Touro Indomável" na TV, daqui meia hora. Vou rever, ao menos, a abertura, toca o intermezzo de Cavalleria Rusticana e tem uma câmera lenta de deixar sem piscar. Um negócio tão simples, não tem quase nada ali, poderia ser tedioso; e é tão bonito. Scorsese, Schoonmaker, DeNiro, Mascagni, sensacional! Eu, que tenho algum interesse por quase todo assunto, nunca tinha sequer me lixado meia hora para a droga do boxe (selvageria à parte, porque confesso que tem alguns absurdos sem sentido, tão sem sentido quanto se encher de socos, que me atraem), até que vi isso... que filme absurdo de bom!http://www.youtube.com/watch?v=yXdvq1JZfWA