Panis et Nonsenses... !!!

Divagações, momentos, memórias, delongueadas, poulaineadas, patetices, cinismo, teses de sentido e validade duvidosos, jedaizices, incoerências ambíguas e sem lógica, e supercalifragilistiexpiralidosações em geral! Ou seja, eu... eu acho!!! Constante inconstância exclamativo-interrogativa... acho que isso diz muito e pouco, dependendo da ótica

My Photo
Name:
Location: SP, Brazil

Não creio que esse perfil mereça algum esforço de boa descrição... Não que este daqui mereça, mas: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=995235312369024623

Saturday, October 27, 2007

Reunião de família (ou, título desnecessário, não sei o que me motiva a deixá-lo)

Hoje foi um dia para rever gente. Há anos, provavelmente mais do que os que vivo, que não se uniam tais e tantos familiares, de lugares bastante diferentes. Excluindo-se velórios; mas ainda assim há membros que não vão a velórios.

Velórios, cujo equivalente em francês aprendi nessa semana e, incompetentemente, já me esqueci (algo com "d"), um dos tópicos que sempre prepassa nesse tipo de ocasião, espero não estar sendo macabro por citar o tal logo de cara. Somente aproveito o gancho pois um primo comenta, pelas tantas, que a sua primeira lembrança de criança-lidando-com-a-morte fora no velório de meu avô, no bem passado maio de 69 (sim, Paris em um ano de esfriamento). Me veio à mente que sou profundamente grato a meus pais por ter sido introduzido a esse ritual de modo muito natural . Acho que o primeiro foi o de meu tio, 7 anos, talvez tia-avó Maria, 5, ou algo próximo. Pensando no panorama de coisas que ainda me assusta bastante, é muito natural que a morte seja citada, e digo natural pelo seu perfil (alta trela para metafísica, existencialismo, fés, toda a balburdia do "ser-se"), mas o cerimonial para se lidar com ela é muito bem digerido. Penso que os ritos da exposição do corpo em meio a flores, o aguardar de algumas horas, o carregar até o cemitério e demais detalhes que não quero me incomodar tentando detalhar, e incomodo esse muito mais ligado aos próprios atos que ao fato de escrever; se tudo me fosse apresentado mais tarde, quando meus parafusos e antenas já estivessem mais desajustados e conflituosos em relação ao acontecer do mundo, creio que teria aversão profunda a ir a tais cerimônias, seria crítico e absolutamente 'paurado' de participar (ainda que como visitante, do lado de fora do caixão, óbvio). É muito satisfatório perceber, num dia como esse, que se tem um trauma à menos, escapei de uma que seria problemática!

O que não quer dizer que ir a um velório não me deprima e faça tremer.

Me vem à mente agora, ainda, o dia em que, por engano, "mataram" uma caríssima amiga e me fui, como um tonto, no velório da pessoa errada... não, não foi nada cômico, não sabes como! Mas essa história fica para outro dia, voltando à reunião de família.

Uma simpática e atrapalhada tia-avó, cuja última aparição em minha vida se deu muitos anos antes de me tornar usuário de espuma para barba, me conta que tem, em sua sala, um retrado meu e de minha irmã. Disse que minha mãe deu a ela há muitos anos, e que ela sempre se lembra da gente! Não fazia idéia disso!!! Pedi para que ela descrevesse como era a nossa imagem e logo descobri de qual se tratava. Nas minhas costas, há poucos metros, tenho um porta-retratos na parede de fotos de minha mãe com outra cópia dela. Estou olhando para ela, na parte mais alta, sombreada. Devia ter 4 anos, camisa de gola branca (com botões de pressão de metal, botões de pressão de metal!) e risca-de-giz amarela, a boca aberta, cabelo muito leve e os olhos densos como nunca mais vi. Minha irmã, ainda vestindo tecido e motivos bebê, já com um brinco mas ainda sem tanto cabelo, segura um ratinho vermelho da mão e olha para a direção lateral. Até um minuto atrás, nunca havia notado que o olhar dela foge e eu olho para a câmera. Sabendo que isso realmente não importa, coloquei a foto novamente no lugar. Tia Francisca, então a senhora nos vê sempre?! Eu só a vejo ao escavucar a antiga caixa de fotos da minha avó, algo de anos que, depois de hoje, se tornou emergencial.

Engraçado com as imagens que realmente importam ficam. Sei muito bem qual o tipo de coisa que se encontra nessa caixa da minha avó, posso descrever várias com muito prazer e razoáveis detalhes. Me vem um gosto tão bom nas papilas da consciência quando sei que está tudo aqui ainda, que tenho muito lixo e memórias nocivas (especialmente para a auto-estima e amor próprio) mas as MMMMemórias prevalecem.

E um outro gosto, com bouquets de segunda taça de Merlot, quando o álcool já evaporou e os extremos da lingua já perceberam o que esperar e como se divertir com as novas doses. O de ainda poder viver tudo isso, ainda que alguns tenham lamentavelmente ido.
Meu pai comentou sobre seu nonno, que nesta semana faria 117 anos... cara, eu daria pelo menos 20 da minha vida (o que significaria que, caso eu vivesse até os 40, morreria amanhã, hehehe) para passar meia hora com ele e todos os outros dos "causos". É um pensamento simples, irreal e bastante comum, mas não posso evitar. É necessário. Faz parte do bouquet.
E degustar esses momentos de convivência, as provocações nos jogos de truco (eu consigo ser ruim, muito ruim, mas tem horas que me supero de tããão ruim!), o comer carnes e doces, o falar das crianças. Até o memorável semi-cochilar enquanto se toca no futuro incerto e no medo e falta de jeito para enfiar a cara no mundo (que gera, entre outros momentos de desamparo, esse blog) junto a uma prima compreensiva e também "lascada" (como eu odeio essa expressão, puro masoquismo usar aqui); sim, absolutamente, é algo a se degustar. Momentos! Especiais, muito especiais.
Umas raspazinhas da casca da fruta, uns pedacinhos de uma vida absolutamente perfeita, à qual sou grato com todas as minhas forças, e que paradixalmente, e assim deve ser tudo, consigo complicar. Se sou eu e depende só de mim, (?), isso sim é uma outra grande discussão, aqui e agora abortada em reticências... {e sem nenhuma pretensão poética nisso, juro}

Enquanto se fazia as limpas da chácara e se despediam pessoas, fui andar sozinho para pensar em tudo isso. O semi-cochilo não bastara, e ainda me brindava com uma dorzinha leve no ombro (sem postura nem para dormir, tsc tsc). Após um dia alternando esses cantinhos anti-sociais onde fico para observar o movimento, recalcando minha timidez e dificuldade em me integrar a grupinhos (ir até o carro buscar o livro ficaria extremamente chato, e a droga do jornal estava lido) , e os pequenos insertes do rapaz pateta e atrapalhado, que derruba capirinha no próprio pé (não por culpa da própria caipirinha, hehe, juro) e tromba em mesas, que solta tiradas breves e ácidas, após isso é bom arejar, tentar apertar o conjunto num envelopão só, daqueles pardos de repartição, marcados com tinteiro azul. Afundar as sandálias na grama, cheirar folhas e cascas de árvores sozinho (sozinho, cheirar flores e árvores... eis outro problema recente, para mim gigantesco,que não calha à mesa e ocasião...), divagar e devagar com o burburinho e risos distante. Limoeiro, cedrinho, não sei mais o nome. Tudo já escuro. A água inquieta, mas comportada, lá para trás.
Senti o necessário.
E, cá, muito divaguei para nada dizer (meus perdões de foi perda de tempo para ti), mas também devo me conformar que essa mixagem é resultado do nível de coisas que me ecoaram.
A tristeza quando um dia tão bom como esses acaba é indescritível, uma torção interna incontornável, ciência de que outro desses não será tão breve. Mas até que eu sofri menos. Sofrer, digo, sempre internamente, sou incapaz de me permitir demonstrar qualquer sinal de preocupação com isso; o não-expor-se também é uma fraqueza, se não supero consegui assumi-la. Enfim, sofri menos, acredito que esse pensamento de processo e uma certa ponta de otimismo junto à melancolia saudosista podem ter ajudado.
Não é propriamente a maturidade emocional, que eu nunca atingirei, mas é algo. E, pensando com alguma lucidez, esse turbilhão emocional, positivo ou nocivo, me agrada demais!

* * *
Obs: Não tenho vontade de colocar nenhuma imagem que já tenha aqui, nem a minha foto de infância, quero também poupar o Van Gogh (novamente, seria sem relações claras e diretas, e regrifo o claras e diretas), e já está tarde para produzir uma boa imagem. Não precisa.

Saturday, October 13, 2007


O que é um blog abandonado? Sim, é bastante comum, assustadoramente comum,
como tudo que é descartável e "di gratis".


Não queria escrever isso agora, queria dormir. Mesmo. E, se não quisesse dormir,
assistiria ao fim de uma maldita comédia francesa genial, acabando com um corpo
mole de três semanas (falando em corpo e atuação, Paulo Autran...). Mas sei que
amanhã cedo não vou mais conseguir nem tentar colocar isso para fora. É a mesma
sensação que tive quando me veio essa necessidade de retomar essa escrita, ontem,
e certo de que chegando perto de um computador, ou com tempo de empunhar papel,
sumiria!

Voltava para o apartamento ontem, matando a metade final da aula na vontade de
aproveitar uma carona para minha toca natal. Na verdade, nem deve ter havido aula,
só a projeção de um segundo Cassavetes; depois acho cópia, nem que esmurre meu
E-mule ("meu", propriedade sobre programa open de compartilhamento, haha, gag
virtual mais sem graça; credo, Gustavo, toma tino!) ou a biblioteca me confine numa
cabine com VHS velho legendado em français).

(Eis um mal exemplo de querer exprmir quase tudo de um quase nada, que só existe
por ser uma brecha do quase tudo.) Devia deixar essa frase no final, mas como já
escrevi agora, deve ser mais honesto deixar aqui, só essa vez. Depois repito-a, tudo
bem.


Ah, sim, voltava da meia-aula de Mss. E. Hamburguer sobre Cassavetes, com seu
hilário Dvd legendado em Lisboa, gajos! Mochila mais pesada do que deveria estar,
um mormaço, que palavra justamente indigna essa, acima do tolerável por esta mula
mal-humorada. Após aquela maravilha que é a FAU, o bem mais ignóbil IME (tá, OK,
eles tem um bom capuccino de máquina e uma xerox colorida confiável) e o IAG (sem
parênteses definido), roubava sombras do Clube dos Funcionários e do Bosque da
Física, já que não tive o saco suficientemente vazio para esperar o ônibus laranja
que avistei passando 45 segundos depois.

Em frente ao bendito bosque, onde conta-se que já habitou gente (não muito provável que fosse um físico, termine a relação por si mesmo e não me
comprometa...), dois ônibus "verde-Covabra/Sesi 13" de alguma escola de ensino
fundamental parados e uns 60 adolescentes serelepantes no que devia ser sua
primeira visita à Usp, talvez a primeira de uma vida cheia para algum do meio.
Lembrei-me de minha primeira visita ao campus, a misteriosa prova específica; entrei
no banheiro da Fea, vi um shopping center nível médio e achei esse papo de
educação pública sucateada um exagero (daí você entra pra valer, cresce, conversa,
usa e resolve queimar a Veja e o Estadão... menos o Caderno 2, OK!).

Pois bem, e algo que me chateou, uma das árvores da borda do bosque tinha se
partido ao meio e metade do tronco, que não era um bloco único, estava caído no
chão, ainda ligado ao resto da árvore. Sim, triste, uma árvore muito bonita,
realmente me chateia. E vários dos adolescentes sobre ela, em pé ao longo do tronco,
posando para os personal-auto-paparazzi que são as câmeras de celular (nota
cultural: o termo paparazzi vem do Fellini, veja 'La Dolce Vita', de 1960). Ao lado,
um arco de primavera florida, vinho-avermelhada.

Me surpreendi por não ter reparado na árvore, nem nas flores, quando passara por
ali de manhã. Eu certamente reparo nesse tipo de coisa, ao contrário de conhecidos
que passam a meio metro na calçada ou eventuais tsunamis do Rio Pinheiros. Devia
estar pensando em algo muito profundamente, na aula de francês com prova da noite
anterior, no que fazer no feriado, em alguns benditos rumos para minha vida.
Sempre grudo nos passarinhos tesourantes que moram por ali, como bom caipira...
mas eles não estavam, só os posers do celular mesmo.

Me veio uma sensação das mais inexprimíveis, pero não inédita. Um misto de já ter
feito algo como aquilo e nem me lembrar, dado a idiotice do ato se de posar com um
bando de gente sobre um tronco recém-caído, e algum outro passante desolado e
distraído ter tido esse mesmo olhar sobre mim. Se virasse para trás, talvez visse um
Monica Vitti com Beckett encarnado, me olhando também (bom, melhor me segurar,
por esses campos vai longe demais, forget!), um quadro antonioniano. Um misto de
saber que aquelas crianças nunca mais se lembrariam daquilo, mesmo que numa
improbabilidade extrema aquele arquivo de celular não se perdesse, e mais extrema
ainda fosse para papel Kodak. Nunca mais se lembrão, sequer imaginarão que isso
tocou alguém, tocou alguém tão idiota quanto eu, e de modo tão idiota.

Idiota num nível de não saber direito, nem eu mesmo, o que é isso, nem meio que
amorfamente.

Não é a nausea sartreana, no sentido mais nauseante que ela tem.O momento "ser-se" deve ter batido, de repente, aleatoriamente ou dentro da ordem
misteriosa em que as coisas acontecem, e assim deu-se. Nem culpo a árvore ou as
crianças como catalisador (palavra inadequada, né... depois da química de vestibular
e do Proconve, ficou concreto demais) ou culpado, claro, mas deu de ser assim.

Oh, Lord!

Sim, eu me sinto um idiota. E não por isso, isso é reflexo, ou nem tem nada a ver
mesmo, mas encorpa o título.
Eis um mau exemplo de querer exprmir quase tudo de um quase nada, que só existe
por ser uma brecha do quase tudo.


* * *
Sempre saem coisas estranhas, mas... o que houve comigo dessa vez? O que está
havendo?Calma, caros e caras, não é caso para suicídio, hehehe, talvez leve abstinência de
chocolate. Sim, eu sou um fraco, patético.


Escrito no bom e velho Notepad for Win, sem correção, gramatical ou
estrutural-formal, e segunda leitura. Desculpem as cagadas! E também não acho que isso seja poesia pura para estar nessa formatação, é que eu tô brigando com o blog e não consigo arrumar como um texto padrão!

A imagem tá aqui só porque é a melhor mesmo, dessa vez sem realções declaradas com o texto (escrevi declaradas!).