Panis et Nonsenses... !!!

Divagações, momentos, memórias, delongueadas, poulaineadas, patetices, cinismo, teses de sentido e validade duvidosos, jedaizices, incoerências ambíguas e sem lógica, e supercalifragilistiexpiralidosações em geral! Ou seja, eu... eu acho!!! Constante inconstância exclamativo-interrogativa... acho que isso diz muito e pouco, dependendo da ótica

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Não creio que esse perfil mereça algum esforço de boa descrição... Não que este daqui mereça, mas: http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?uid=995235312369024623

Sunday, February 08, 2009

Encarar verdades com os amendoins

Acordei de meu cochilo (sim, acho que finalmente começo a aprender a dormir; bem, época errada da vida para isso, paciência...) e me vejo, distorcido e encolhido, num reflexo do vidro da Tv antiga, que não sei o que diabos faz no meu quarto; agora que não moro mais aqui, tudo que é muito pesado para ser levado até o porão em uma mão tende ir para lá, percebo. Ao fundo, a imagem de minhas prateleiras de livros, resolvo me virar e farejar algo inspirador. Caio no “Pequeno livro da Vida”.

É um quadradinho menor que o meu palmo torto, capa rosa forte (não gosto de livros rosa, nunca parece ornar), com uma coletânea de pequenos pensamentos, engraçados ou ao menos espirituosos, sempre interessantes e inteligentes, tiradas dos 50 anos de Peanuts (sempre eles) do Charles Schulz. Em um par de páginas, Charlie Brown, my pal, fala para a Sally, “A coisa mais assustadora que pode ser dita é: ‘se você prefere, eu posso dizer a verdade’ ”.
A verdade. Não me cabe entrar em sofismos e grandes digressões, não sou competente para isso, seria raso tentando. Não é essa verdade que tem me interessado, ela nem ao menos parece existir... Mas o que tenho sentido com as verdades pessoais nesses tempos... que puxa, diria Charlie!

Ainda acho que sempre prefiro ter essa verdade dita, Charlie. Ainda que elas rasguem e não agradem, não sejam coerentes com nossos sonhos e projeções, com nossas impressões anteriores. Sabe, lidar com verdades imutáveis, especialmente aquelas nas quais depositamos algum bom esforço para mudar antes de descobrir que nem adiantava, está entre as situações que mais me fizeram amadurecer e aprender na vida. Sim, sofrimento traz crescimento, budista assim, hehe...
Há uma outra tirinha dos Peanuts onde, após mais um jogo de baseball fracassado (parêntese, o que os norte-americanos e japoneses e sabe-se lá mais quem tem com esse esporte estúpido?), o Charlie se pergunta: “Como se pode perder sendo tão sincero?”.

Não se trata de masoquismo, sempre querer a bendita na primeira oportunidade e sem grandes tempos para que a poeira baixe (epa, mas também sem rudeza, por favor). Até entendo quem critique e julgue que um pouco de tempo pode diluir o problema, mas... fantasiar uma meia verdade dói mais que a própria, pode trazer ecos maiores às mágoas da original. De todo modo, fantasiar e reler e procurar paralelos e símbolos e sentimentos e idéias e tudo mais para o que recebo externamente, já é uma obsessão comum, exacerbada e automática da minha cabeça perturbada e insegura; assim, que o sejam sobre uma expressão sincera, ao menos. Os sinceros também perdem, Charlie, talvez até mais que os mezzo (oh, merda, vitimização não...), mas acredite que é muito pior receber apito do juiz dando vitória e, depois de 5 minutos, ver que a mesa anulou a rodada toda.

Vou contestar as palavras do muy caro Van Gogh no leito de morte, je pense que la tristesse ne durera pas tojours... a tristeza há de passar. Quinze minutos de alegria, por experiência, podem ser muito bons, mas se eles não estão sobre uma verdade, dói mais que nem os poder ter, desde o começo. E passa, passa...


Estranho, pensando agora, me sentir assim hoje, geralmente eu acho que, apesar de sempre querer ter a liberdade de ter e trabalhar para mim essa verdade mais sincera, ando por esses tempos vivendo e querendo valorizar essa breve experiência, e agora aqui bambeio. Provável que amanhã eu leia isso e não me reconheça... diabo, deve ser o calor! Foram esses amáveis amendoins...


* *
Não sei porque, não me sinto nem tão patético nem imaturo por tentar basear dilemas da vida e questões importantes em quadrinhos, com a mesma consideração que leio gente que julgo sábia! Será isso um erro? Acho que não, vá...